Viviana: um natal típico colombiano na Austrália
“Pra mim é muito importante estar com gente da Colombia. Porque eles entendem meus sentimentos, entendem o que é não ter a família por perto. Passar o Natal com pessoas de outros países não é a mesma coisa porque eles não entendem suas comidas, pratos típicos e o que eles significam. Então pra mim é importante porque eu não quero me esquecer de quem sou, de onde venho e nem porque eu sou do jeito que sou,” conta Viviana, que mesmo vivendo na Austrália, planejou um Natal tradicional colombiano com um grupo amigos do mesmo país.
Em dezembro de 2014 Vivi mudou-se para o outro lado do mundo, e desde então, passou por um processo de busca para encontrar uma “família” para passar o Natal longe de casa. “Eu sempre tive que estar buscando entre amigos e outras famílias onde passar o Natal e sempre foi difícil, doloroso, sofrido. Ainda que eu gostasse muito dessas pessoas, era difícil. Mas eu decidi mudar isso e procurar pessoas com quem me dou bem e com quem eu me sinto em família,” explica.
Há três anos atrás, a procura acabou ao juntar-se com um grupo de amigos colombianos para celebrar a data. Agora todos os anos eles se reúnem para comemorar um Natal típico da Colômbia na Austrália.
“[Hoje] eu me sinto tranquila de saber que vou estar com eles e vamos rir, comer, estar juntos. Para mim isso é o suficiente,” diz. E conta que está feliz de poder manter tradições de seu país, como cozinhar “Natillas” e “Buñuelos” que são pratos típicos natalinos colombianos. “Eu quero desfrutar esse processo de vamos preparar a comida, sabe? Dessa cooperação. E bom, façamos disso uma noite bonita,” acrescenta.

Foto: acervo Viviana
Neste ano de pandemia, Vivi também ressalta o quanto é desafiador estar tão longe e fala da esperança de voltar para casa no ano que vem. “Acho que a mente joga duro porque como sabemos que não podemos ir, é mais essa luta interna de ‘Eu podia estar lá’, mas por causa de algo externo e a nível mundial, eu não posso tomar essa decisão de ‘eu vou porque eu posso’. Esse ano, por exemplo, a minha família vai se reunir e a minha irmã fez camisetas de natal e eu não vou ter uma. Eu não vou estar na foto. É doloroso. Mas espero que no próximo ano eu possa dizer ‘vou passar o Natal na Colômbia depois de sete anos’. Seria maravilhoso,” sonha ela.
E finaliza com uma reflexão sobre como podemos encarar as festividades ao estar longe. “Acho que sempre se pode escolher como viver essas datas importantes. Podemos nos sentir mal ou viver da melhor forma. É sobre recriar o que te faz sentir bem e o que te faz lembrar desse amor incondicional que se celebra nessas datas. É isso de recriar esse sentimento que é tão bonito que é dizer ‘essa é a minha família’ e toda a alegria de os ter por perto. É difícil, mas dá pra desfrutar e buscar uma forma de se sentir o mais pertinho possível”.